18 May 2021
“A divisão entre os comerciantes que vendem bens alimentares, produtos frescos e essenciais, daqueles que vendem vestuário ou calçado, não é sensata [no futuro Mercado Municipal requalificado]. As pessoas que compram os bens essenciais – a carne, as verduras, o peixe fresco – acabam por descer ao piso de baixo e comprar uma peça de roupa, toalhas ou sapatos. Acaba por ser um ciclo que ajuda toda a gente. Concordo que o Mercado Municipal seja requalificado para termos melhores condições a nível de acessibilidade, mas devíamos permanecer todos juntos. Numa ponta do mercado, os bens não essenciais, e na outra ponta, os bens essenciais. Um piso contínuo com tudo para nos complementarmos. Nós somos comerciantes que pagamos mensalmente para estar aqui e não nos deram nenhuma satisfação nem uma palavra [em relação ao parque subterrâneo do Intermarché, o local provisório do Mercado Municipal]. Todos deveriam ter dado a sua opinião e a maioria prevaleceria. Agora, levar-nos para um parque fechado há anos… Não acho bem”.
Leandro Pinto, comerciante de Oliveira de Azeméis
“As pessoas vêm ao mercado, reparam no produto fresco mas também se dirigem à parte do vestuário. Ou seja, uma coisa leva à outra. Agora, se no futuro Mercado Municipal, já requalificado, vão separar os comerciantes conforme os bens que vendem… Se estivéssemos todos juntos, era benéfico para ambas as partes envolvidas. Não sei se a realização de uma feira para os comerciantes que vendem vestuário ou calçado será uma solução, porque quando o cliente vem a um local, por norma não se vai deslocar para outro. É como o caso do local provisório do Mercado Municipal [parque subterrâneo do Intermarché]; não sei até que ponto a população se vai deslocar até lá, uma vez que não é um espaço localizado no centro da cidade”.
Maria Lima, comerciante há 10 anos no Mercado Municipal
“Uma divisão nunca deve ser feita [caso o futuro Mercado Municipal não tenha espaço para todos os comerciantes]. Há muitos anos que o mercado é constituído por comerciantes de vários ramos – seja de frescos, roupa, calçado, carne ou peixe – e acho que não faz sentido excluir ninguém. As pessoas estão habituadas a vir ao mercado e a ter um pouco de tudo à sua escolha. Se não existirem compradores, não há mercado. Ao faltar algo que estão habituadas a ver ou a comprar, podem achar estranho ou não concordarem. O que se nota é que todas as pessoas têm uma opinião sobre o assunto e escondem um bocadinho o que pensam; ou têm medo de falar ou não têm direito de antena. No entanto, é seguro afirmar que as pessoas estão descontentes com esta situação. O mesmo em relação ao parque subterrâneo do Intermarché [local provisório do Mercado Municipal], uma vez que considero que é um espaço completamente descabido. Não faço a mínima ideia porque é que escolheram esse local, até porque é bastante distanciado do Mercado Municipal atual. A maioria das pessoas está habituada a ir a pé até ao mercado e já não o vão poder fazer. Apenas acho que nós, comerciantes, devíamos ter sido ouvidos. Não há ninguém que concorde com isto”.
Miguel Sousa, comerciante de Loureiro