15 Sep 2022
Helena Terra
Era terça feira, dia 11 de setembro de 2001. Eram 08h46m, quando o voo 11 da American Airlaines era lançado contra a torre norte do World Trade Center, no centro financeiro de Manhattan, em Nova York. Dezassete minutos mais tarde, já com transmissão ao vivo para todo o mundo, o voo 175 da United Airlines chocava contra a torre sul do complexo, tendo ambos descolado do aeroporto de Boston com destino a Los Angeles. Outros atentados se registaram e, assim, naquela fatídica manhã de terça-feira foram mortas quase 3 mil pessoas.
Nesse dia não restaram dúvidas a ninguém de que, o mundo não é um lugar seguro. Nessa sequência, os E.U.A., “velho guardião do mundo”, levaram as forças americanas a invadir o Afeganistão, para libertar o país do jugo e dos atropelos dos Talibã e aí travou o combate militar mais longo da história dos Estados Unidos.
No governo liderado por Donald Trump, foram possíveis compromissos, pelo menos formais, dos Talibã que levaram à redução dos efetivos militares iniciada em 2020 e que conduziu à retirada total das forças americanas daquele território no final de agosto de 2021, já sob a administração de Joe Biden.
Contrariamente ao previsto, o processo de retirada das tropas americanas começou a acelerar consideravelmente em 7 de julho, quando a queda do Afeganistão se apresenta como inevitável após o início de uma grande ofensiva dos Talibã.
Vinte anos depois a fatura que ficou foi muito pesada, quer com despesas militares brutais, quer com uma elevada perda de vida de militares e civis. Na hora final da retirada, Joe Biden fez votos de que os Talibã cumprissem os compromissos assumidos, nomeadamente no que toca à liberdade de entradas e saídas no país e à participação efetiva das mulheres nos vários aspetos, quer da vida familiar, quer da vida comunitária. Esperança vã esta!
Já depois da tomada do aeroporto de Cabul por parte dos Talibã, Paris e Londres, por iniciativa de Macron, apresentam uma resolução no Conselho de Segurança das Nações Unidas para se criar uma zona de segurança no aeroporto de Cabul gerida pela ONU e que permitiria a continuação da expatriação dos afegãos que o pretendessem. Macron foi ingénuo ou quis apenas marcar terreno no ranking da diplomacia europeia?
Como era de prever, nenhuma resolução foi aprovada na O.N.U que previsse tal possibilidade, porque, obviamente, a China e a Rússia a vetariam. Por via disso, a resolução foi alterada, concretizando, uma vez mais uma hipocrisia político diplomática e, a resolução que acabou por ser aprovada, limita-se a um apelo para que os talibãs cumpram a palavra e permitam a saída livre das pessoas do país e “um acesso pleno, seguro e sem entraves” para que as Nações Unidas e outras agências prestem assistência humanitária…
Brincadeira de meninos ou a mais clara manifestação que, de boas intenções está o inferno cheio?
Vinte e um anos depois, o 11 de Setembro, lamentavelmente, não é uma questão histórica, mas uma ameaça presente.
Domingo, 11 de setembro de 2022
* Advogada