Bruno Aragão *
Na semana passada iniciamos, finalmente, a legislatura que resultou das eleições de janeiro. Sentado no plenário da Assembleia da República, olhando em volta, foi ainda mais impressiva essa maioria de 120 deputados. Ali, vista daquela perspetiva, temos mesmo a sensação de que, no que possa depender de nós, não haverá mesmo desculpas. Agora depois de empossado o Governo, será discutido o seu programa. Seguem-se várias semanas de discussão do Orçamento do Estado para 2022, mais de seis meses depois do seu chumbo.
Os desafios que nos esperam são de facto complexos e, nos últimos meses, muitos municípios o têm sentido. Dezenas de concursos de obras públicas ficam desertos por falta de concorrentes. Projetos de obras públicas com aumentos de quase 40% de custo em menos de um ano e, o maior flagelo nestas coisas, vários municípios com obras em curso abandonadas pelos empreiteiros, por incapacidade de responderem ao aumento de custos.
O aumento das matérias-primas, as alterações nos fluxos de distribuição causados pela pandemia, a escassez de recursos humanos e, agora, a guerra na Ucrânia, condicionam muitos dos planos traçados. Nunca como hoje, municípios como Oliveira de Azeméis tiveram tantos projetos e recursos e tanta dificuldade em conseguir executá-los. Da Garagem Justino, às escolas, dos parques de lazer às infraestruturas de água ou saneamento, das Zonas Industriais à rede viária, são vários os concursos que ficam desertos.
Serão tempos muito exigentes. Entretanto, há sempre coisas que não mudam. Por cá, a oposição, tal como fez com a pandemia, tenta municipalizar estas dificuldades. Ou olham para os problemas de décadas, como o das Zonas Industriais, e ignoram que são herança. Ou olham para as dificuldades de muitos municípios e acham que são apenas nossas. Admito que não queiram olhar para trás, porque é doloroso. Mas pelo menos olhem para o lado. Custa menos e é mais sério.
* Presidente da Comissão Política Concelhia do Partido Socialista