Bruno Aragão *
No artigo da semana passada, a propósito do investimento que finalmente se começou a fazer nas zonas industriais, falei da enorme capacidade industrial do concelho. Essa marca é de tal forma forte que, como acontece tantas vezes com cada um de nós, se torna identitária. Passa a ser a forma como nos vemos e como os outros nos veem. Quantas vezes nos definem pela nossa profissão? Fulano é isto ou aquilo, quando em rigor deveríamos dizer que fulano faz isto ou aquilo. Na verdade, cada um de nós é muito mais do que aquilo que faz. O mesmo acontece com um concelho.
Oliveira de Azeméis tem uma marca industrial identitária que desmereceu outras. Isto foi de tal forma verdade que, mesmo não tendo feito muito pelas zonas industriais, fez ainda menos por outras áreas.
E dou um exemplo simples, a partir do Dia Mundial do Ambiente que se comemorou este domingo e da caminhada promovida pela Juventude Socialista. Durante a manhã, na freguesia de Pindelo, percorremos troços incríveis do rio, com cascatas, açudes, pequenos rápidos, levadas, ou pequenas enseadas de águas calmas. Há neste concelho uma dimensão de natureza que, pela tal marca identitária, esquecemos. Muito pouco fizemos por ela na verdade. E isso vê-se de muitas formas. As redes de água e saneamento nunca foram prioridade, com o impacto direto que ainda hoje têm nos cursos de água. A proteção de património foi sempre deficitária, o que explica que muito esteja tomado por vegetação e seja totalmente desconhecido.
É como digo muitas vezes: precisamos de ultrapassar os problemas, sem esquecer os novos desafios. Por isso é extraordinária a notícia de termos mais de 50% do concelho com saneamento tratado. Passamos em 4 anos de cerca de 23% para mais de 50%, um problema que vamos ultrapassando. Mas é também por isso que a Grande Rota OAZ, um percurso com 100 Km de trilhos pedonais unindo todas as freguesias, é outra excelente medida. É um desafio e cheira a futuro.
* Presidente da Comissão Política Concelhia do Partido Socialista