Bruno Aragão *
Na crónica do início de Setembro escrevi que “o mundo nunca é a preto e branco, embora o debate político o simplifique muitas vezes a tudo ou nada. A realidade é bastante mais complexa e as soluções para muitos problemas também”. A política que fazemos será sempre tão mais eficaz quanto mais honesta for a nossa análise. Apesar da imensidão de branco, da enchente de gente, do calor da noite e do ambiente de festa da Noite Branca, dei comigo a pensar nisto mesmo.
A cidade estava como gostamos de a ver, cheia de gente e de vida. Não apenas nas artérias centrais onde havia programação, mas um pouco por todo o espaço urbano. Curiosamente, na noite anterior, sexta-feira, fui assistir a um momento de declamação de poesia ao som de oboé, no anfiteatro exterior da Biblioteca Municipal. Um momento intimista, de mais silêncio e proximidade. Apesar do acesso livre, éramos pouquinhos. Não podia haver mais contraste em duas noites seguidas e foi isso que, na noite seguinte, me fez pensar.
Ao longo dos últimos meses houve eventos para todos os gostos: concertos de música de todos os tipos, festivais gastronómicos e confrádicos, teatro, poesia, festas populares, desporto, feiras, festas de coletividades. Na cidade ou nas freguesias, a coberto ou ao ar livre, foi apenas escolher. Lembro-me, particularmente, de uma magnífica peça de teatro, sobre o Tardo, ao ar livre, no recinto da Senhora das Flores.
Apesar de toda esta atividade, como dizia no início, a realidade é sempre mais complexa. A consolidação deste dinamismo precisa muito da conclusão das obras do Caracas. Precisa que as grandes obras como o Mercado possam estar também concluídas, para que a cidade adquira outra imagem. Precisa da Garagem Justino e do seu potencial. Só para dar alguns exemplos. Continua a ser longo o nosso caminho, mas como sempre disse, o tempo e perseverança serão sempre os nossos grandes aliados. O resto, passa tudo.
* Presidente da Comissão políticado ps de Oliveira de Azeméis