10 Oct 2022
Bruno Aragão *
O Correio de Azeméis fez 100 anos. A longevidade é sempre uma conquista que dá muito trabalho. Conhecendo a evolução da sociedade nas últimas décadas, este marco é ainda mais impressionante.
1. O Correio de Azeméis é o 37º jornal do país a completar 100 anos. Quantos títulos nos recordamos, locais ou nacionais, que foram desaparecendo?
2. Em Portugal, dados de 2021, 61 concelhos do país não tinham nenhum jornal ou rádio com sede concelhia, 20% dos concelhos portugueses.
3. Nos próximos anos estes números tendem a agravar-se, tornando as pessoas dependentes de canais e de notícias nacionais. Que nos importa a nós, em Oliveira de Azeméis, a informação de trânsito na Ponte 25 de Abril ou no Viaduto Duarte Pacheco?
Fazer 100 anos é história, mas é o futuro que importa. A imprensa local e regional dá-nos sentido de comunidade e qualidade democrática. Dá visibilidade aos órgãos autárquicos e ao escrutínio das oposições locais. Dá visibilidade às coletividades, às escolas e às empresas de base local e regional. Mostra o que está mesmo ao nosso lado, as pessoas e as empresas que são nossas vizinhas, e facilita o nosso envolvimento com as associações da terra que, de outra forma, poderíamos nem conhecer.
Por isso mesmo, encontrar formas de apoiar a imprensa local é importante. Mas neste ponto temos de ser francos. A transparência desses apoios é fundamental e não podemos repetir velhas fórmulas, que a tornem dependente de vontades políticas. Meios de comunicação social que se tornam órgãos de regime ou canais de oposição, são profundamente negativos para as democracias locais.
Será por isso um enorme desafio dos próximos tempos: encontrar mecanismos de apoio que reforcem a independência e a transparência. Estou convencido que, só assim, veremos mais jornais completar 100 anos e, aqueles como o Correio de Azeméis, chegarem aos 200.
* Presidente da Comissão políticado ps de Oliveira de Azeméis