Bruno Aragão *
Amadora, Aveiro, Águeda, Braga, Bragança, Caldas da Rainha, Cascais, Faro, Funchal, Gaia, Guarda, Leiria, Lisboa, Loures, Marinha Grande, Óbidos, Oeiras, Ponta Delgada, Porto, Sintra, Tomar, Viana do Castelo são municípios portugueses. E daí?
1. Há umas semanas, um órgão de comunicação nacional fez uma notícia sobre os custos da iluminação de Natal nos municípios portugueses.
2. Apesar de não haver informação sobre a esmagadora maioria dos municípios, utilizou-se a informação disponível que, na verdade, correspondia a menos de 10% das autarquias.
3. A notícia apresentava então “o top 5 dos maiores contratos até agora”, onde Oliveira de Azeméis surgia em 4º lugar.
A notícia impressionou-me particularmente. Por um lado, porque as notícias são, quase sempre, como a água, fazem caminho e não voltam para trás. Com o tempo saberíamos a informação sobre os outros 90% de municípios, mas aquele top 5 estava lançado. Por outro lado, e isso impressionou-me mais, porque a notícia não dizia mais nada, mas deixava a suspeita “dos maiores contratos”. Nada sobre realidade concreta desses municípios, das suas dinâmicas locais, das opções de cada um na estratégia de desenvolvimento territorial, na aposta no Natal como âncora de desenvolvimento. Nada. A redução da política a um número que, isoladamente, merece incompreensão.
Passaram algumas semanas. Já se sabe que os municípios portugueses acima têm custos de iluminação de Natal superior. Ainda faltam bastantes mais. E daí? Daí nada. Nem estar supostamente em 4º dizia alguma coisa sobre nós, nem estar 30º ou acabar 100º diz também alguma coisa. O que importará é o equilíbrio entre os custos e o seu retorno que, certamente, cada município terá de ajuizar.
Por cá há duas coisas que sabemos. A primeira é que a notícia era vazia. A segunda é que o Parque está cheio. Talvez tenhamos descoberto um tesouro de inverno.
* Presidente da Comissão Política Concelhia do PS