31 Jan 2023
Bruno Aragão *
No passada quinta-feira, dia 26, o Presidente da República condecorou o Arquiteto Gaspar Domingues com a Comenda da Ordem do Mérito, a título póstumo. Quando fui eleito deputado, uma das primeiras coisas que me falaram foi da atribuição desta comenda.
Há anos que a questão havia sido colocada e há anos que se esperava essa justa homenagem. É inegavelmente merecida, mas o título póstumo traz-nos uma sensação amarga. Primeiro porque nos recorda a inevitabilidade da vida e recrudesce a ausência que o tempo vai aplacando. Depois porque sentimos em vão os esforços para que pudesse ser atribuída em vida. Não porque seja menor o seu valor, mas porque a partilha tinha outro calor.
A política, como a vida, é quase sempre um caminho de esforço e de trabalho e, tantas vezes, de contrariedades e desafios que procuramos vencer. E nesse caminho há momentos que nos recordam, mais do que outros, que, afinal, tudo vale a pena. Esta condecoração é um desses momentos.
Como recordava há quase um ano, o Arq. Gaspar Domingues escreveu das páginas mais bonitas da nossa história. Fez-nos verdadeiramente sentir que era possível sonhar e, a partir desse momento, nunca mais deixámos de acreditar. A forma como hoje acreditamos no futuro, é herdeira dessa crença e do seu olhar sereno e do sorriso ameno. Tornou-se, quando por nós encabeçou esses sonhos, a nossa referência. Foi-o desde sempre. Mas o mais importante de tudo, é continuar a ser hoje a nossa consciência e, para muitos como eu, a forma discreta como queremos olhar para o bem comum. Porque há muitas coisas que não escolhemos na vida, mas há uma que depende exclusivamente de nós: escolher as pessoas com quem queremos aprender. O Arquiteto Gaspar é uma dessas pessoas. E o mais eterno que podemos dizer de um Homem é que lhe tentamos seguir os passos. Porque a finitude da vida não impõe nunca a finitude dos sonhos que partilhámos. Por mais longa que seja a viagem.
* Presidente da Comissão Política Concelhia do PS