23 May 2023
Bruno Aragão *
Não conheço nenhum concelho forte que não tenha uma sede forte, seja essa sede uma cidade ou vila. Funciona como um íman.
Durante anos, como todos hoje reconhecemos, a cidade de Oliveira de Azeméis foi perdendo dinâmicas. Não me detenho agora sobre a sua causa que, em rigor, não tem uma origem única. Detenho-me no facto: a cidade perdeu dinamismo. Isso não aconteceu, no entanto, e com a devida escala, com sedes concelhias como Santa Maria da Feira, São João da Madeira, mesmo Vale de Cambra, Ovar ou Estarreja. Se repararmos bem, essas cidades foram atraindo muitas pessoas das freguesias próximas. Se olharmos o mapa do concelho, de norte a sul, conseguimos perceber facilmente a força que cada uma dessas sedes foi exercendo nas nossas freguesias. Se Vale de Cambra exerce pressão sobre Ossela ou Pindelo, Ovar exerce pressão sobre São Martinho da Gândara. Se São João da Madeira ou Santa Maria da Feira exercem pressão sobre as freguesias do Nordeste ou sobre Cucujães, Estarreja exerce pressão a sul.
Na ausência de dinâmicas regulares na nossa cidade, ao longo dos anos fomos perdendo essa força aglutinadora e a pressão sobre as freguesias fez-se de fora para dentro, dos outros para o nosso concelho. Sem inverter essa pressão, dificilmente conseguimos inverter também as dinâmicas na cidade e, por arrasto, em todo o concelho. Isso faz-se assumindo que precisamos mesmo de uma cidade forte e com capacidade de fazer pressão.
A edição deste ano do Mercado à Moda Antiga deu-nos esse sinal. Para lá do sucesso que as coletividades sempre lhe emprestam, mostrou-nos que há alguma coisa que está realmente a mudar. É essa capacidade de tornarmos a cidade um íman, de fazermos pressão de dentro para fora. E à medida que se vão concluindo obras como o Teatro Municipal, o Mercado ou os novos acessos na zona do Mercadona, vamos cimentando essa mudança.
As cidades mudam se quisermos. E a nossa está a mudar.
* Presidente da Comissão Política Concelhia
do Partido Socialista