22 Jan 2024
João Costa *
O crescimento do discurso anti-imigração em Portugal é uma realidade preocupante.
Num país de emigrantes, onde não existe nenhum de nós que não tenha um conhecido, um amigo ou um familiar que é português e vive no estrangeiro é, de facto, curioso estar agora a nascer uma corrente contra os imigrantes que saem do seu país à procura de melhores condições de vida para as suas famílias, tal como, faziam e fazem dezenas de milhares de portugueses todos os anos precisamente pelas mesmas razões.
Por isso, importa analisar os factos sobre um conjunto de mitos sobre os quais somos cada vez mais confrontados nas redes sociais, na comunicação social e nas nossas conversas do dia-a-dia.
1. Os imigrantes vêm para o nosso país beneficiar da segurança social. Falso – Os factos dizem-nos que, entre contribuições e encargos existe um saldo positivo superior a 1,6 mil milhões de euros para a segurança social. Os imigrantes são contribuintes líquidos para o nosso sistema de pensões e de proteção social.
2. Os imigrantes são os principais responsáveis pela subida dos preços da habitação em Portugal. Falso – Os preços da habitação em Portugal sobem consecutivamente desde 2013.
3. Os problemas de criminalidade subiram no país devido a imigração. Falso – De acordo com os últimos dados, em 2022, foi considerado o sétimo país mais seguro do mundo mantendo-se, novamente, na lista dos dez primeiros países mais seguros do mundo.
4. Os imigrantes estão a retirar emprego aos portugueses. Falso – A população imigrante que chega ao nosso país, independentemente a sua qualificação, normalmente ocupa setores com falta de mão de obra onde trabalham mais horas, e em condições mais precárias que os portugueses.
Os factos dizem-nos que a taxa de desemprego tem diminuído ao longo dos últimos anos, enquanto, a criação de emprego tem subido substancialmente.
Em suma, sempre que nos falte a memória do país dos descobrimentos que fomos e do país de emigrantes que somos, que nos valham os factos acima mencionados e os valores de abril da igualdade e liberdade.
Acredito que seremos o país, que continuará a respeitar e receber de braços abertos aqueles que, independentemente da sua origem, religião ou cor de pele, escolhem o nosso país para construir o seu projeto de vida.
* Presidente da Federação Distrital de Aveiro da JS e Membro da Assembleia Municipal pelo PS