12 Mar 2024
Bruno Aragão*
1. Nunca apouquemos resultados. A Democracia é sempre uma festa. Votaram nestas eleições legislativas mais 750 mil pessoas. Ao contrário do que às vezes se diz sobre a sociedade portuguesa, as pessoas sempre são capazes de se mobilizar quando assim o entendem. Agora que o fizeram, não podemos deixar de refletir sobre o significado da sua vontade. Os eleitores não são melhores quando fazem uma escolha e piores quando fazem outra. Não seria democrático.
2. Não apouquemos a derrotas. Não seria honesto. O Partido Socialista perdeu as eleições. Sobretudo perdeu uma ampla maioria e um enorme mandato de estabilidade que recebeu em 2022. Ainda que interrompido o mandato a meio, há também responsabilidades próprias. Podem alguns achar que foi um empate, mas isso não seria bom para a reflexão que nos devemos impor.
3. Não apouquemos crescimentos. Não seria correto. O Chega teve um tremendo resultado. Mas não confundamos processo com conteúdo. A escolha das pessoas foi clara, a sua perceção de insatisfação também, mas um projeto político não passa a ter mérito só por isso. No conteúdo, que é o que se materializa em políticas concretas, será sempre um projeto de retrocesso e enganos.
4. Não reclamemos vitórias. Não seria justo. A AD teve menos percentagem de votos em 2024 que o PSD sozinho em 2022, ficando poucos votos acima do PS. Em número de deputados, PSD e PS correm o risco de ter exatamente os mesmos 78. Para um projeto de alternativa de governo é tudo menos uma vitória.
5. Para o país, o resultado é o menos interessante. As exigências de governabilidade pediam outras soluções, mas essa é a diferença entre a democracia e a tecnocracia. Não se decide por tecnicalidades ou eficiências, mas por voto.
6. A cada um de nós, mesmo não eleitos como eu, o caminho é o mesmo. Os lugares formalizam responsabilidades, mas o trabalho político, em qualquer circunstância, nunca nos desresponsabiliza. Seguimos nessa crença.
* Presidente da Comissão Política Concelhia do Partido Socialista.