3 Jun 2024
> Bruno Aragão
Nas últimas eleições europeias, em 2019, a participação foi a mais baixa de sempre em atos eleitorais em Portugal, com uma adesão de apenas 31%. Sendo o valor mais baixo de sempre, a verdade é que, há mais de 25 anos, a abstenção superou os 60%, precisamente nas eleições de 1999. Curiosamente, nas segundas eleições europeias realizadas em Portugal, em 1989, a abstenção andou muito próxima dos 49%. Significa que praticamente todos os portugueses que tenham nascido depois de 1971 não conhecem outra realidade. E o problema da realidade é que, com facilidade, nos habituamos a ela.
Haverá um conjunto de razões para explicar estes números elevados e, em Portugal, se faltarem razões, o tempo e a meteorologia oferecem-nos sempre uma escapatória. A taxa de abstenção no conjunto dos 27 países da União Europeia é de cerca de 50%, não é por isso um problema nacional. E agora que podemos votar em mobilidade ou em qualquer ponto do território, votar é mais fácil, mesmo num fim-de-semana prolongado.
Como escrevia no artigo na semana passada, a adesão à União Europeia transformou Portugal. Nunca teríamos chegado até aqui, sem o brutal apoio de todos os países europeus, e é impossível alguém dizer que não o sente: escolas, hospitais, estradas, tribunais, universidades, laboratórios de investigação, apoios empresariais, modernização industrial, formação de profissionais, formação de adultos, equipamentos sociais, infantários, creches, centros de dia, residências para idosos, casas da cultura, museus, parques de lazer. A Europa entra na nossa vida todos os dias.
Há, por isso, muitas razões e poucas desculpas para não votarmos. Mas há nestas eleições uma razão acrescida que é um grito de consciência: a situação de guerra a que a Europa assiste. Se defendemos a paz na Europa, a melhor arma individual é o nosso voto. O famoso slogan de Mário Soares, de 1976, “A Europa connosco”, bem poderia ser hoje, “Nós com a Europa”. Vote!
Bruno Aragão, Presidente da Comissão Política Concelhia do Partido Socialista