> Bruno Aragão
Vivemos na semana passada momentos dramáticos. No misto de sensações, entre a vulnerabilidade de múltiplas frentes de fogo e a força de lhes resistir e salvar, muitas vezes, o esforço de uma vida inteira, encontramos exemplos de superação. Há heróis improváveis, feitos pela força das circunstâncias. E há os heróis de sempre, que estão lá há anos, voluntários muitos deles, como são os bombeiros.
Podemos e devemos agradecer todo esse esforço e essa entrega. E fazemo-lo sobretudo quando o cheiro a cinza e fumo está muito vivo e presente. Mas temos a obrigação de não o esquecer depois, de não deixar que o tempo frio esfrie também a memória. A reflexão que devemos fazer, o trabalho que, enquanto país temos de continuar a desenvolver, depende desse esforço e dessa capacidade. É por isso a primeira responsabilidade que temos, como políticos. Não deixar que o tempo frio arrefeça a impressão forte do que aconteceu.
E depois destes dias, em que brotaram especialistas em florestas, em espécies autóctones, em eucaliptos, em ordenamento do território, em incêndios, em alterações climáticas, o que devemos exigir a quem nos representa é uma resposta rápida e célere para recuperar do que aconteceu. E, ao mesmo, tempo, apreender destes momentos as lições possíveis para que, num futuro de profundas alterações climáticas, pelo menos a nossa parte sejamos capazes de fazer. É esse o maior respeito que podemos ter por quem, nestes dias, perdeu a vida. É esse o maior respeito que podemos ter por quem perdeu, por estes dias, a casa e, com ela, as conquistas, as memórias e muitas histórias de vida. É esse o maior respeito por quem perdeu, por estes dias, a serenidade do quotidiano e sensação de que o mundo é um lugar seguro.
Devemos estar unidos no esforço de recuperação. Não tenho dúvidas de que estamos. De que o Município e o Governo procurarão responder rápida e energicamente. É isso que esperamos. É isso que todos esperam.
Bruno Aragão, Presidente da Comissão Política Concelhia do Partido Socialista