Visão de futuro

Algumas vezes se ouve, sobretudo nas colunas aqui ao lado, que os investimentos se fazem apenas na cidade, que esquecem as freguesias. Sempre me pareceu haver um motivo para esta insistência. As periferias, os pequenos lugares, os sítios mais remotos, não são muito apelativos para a oposição porque não têm muitos eleitores. Permitam-me por isso dar dois exemplos simples, fortes na sua importância, de dois lugares que a esmagadora maioria dos oliveirenses nunca deve ter visitado:
1. Os Covais, na parte sul, junto à freguesia da Branca, viveram anos com água e saneamento, literalmente, a meia dúzia de metros. Por alguns metros, construir casa na Branca significa ter infraestruturas e, do lado de cá, não as ter, nem ter qualquer perspetiva disso. Têm hoje água e saneamento e não foi por ficarem na “pontinha” do território ou por terem menos gente, que deixaram de merecer esta preocupação. Não importa se a oposição não passa por lá.
2. Bustelo do Caima, num das zonas mais bonitas do nosso território, é um caso ainda mais forte. Não tem água nem saneamento e terá, porventura, dos piores acessos do concelho inteiro. A Ponte Nova, com problemas estruturais, impede a passagem a pesados. Sem essa passagem, é impossível levar máquinas e equipamentos para o outro lado. Sem essa possibilidade nem a rede viária tem intervenção há muito, muito tempo. Felizmente, a complexa intervenção naquela ponte avança nas próximas semanas, adjudicada que está a obra. No incêndio do ano passado foi dos lugares mais ameaçados e mais inseguros. É uma obra de extrema importância, mesmo que ali viva pouca gente. Não importa se a oposição passa pouco por lá.
Temos mais lugares como estes, anos e anos esquecidos, mas que nos merecem o mesmo respeito e esforço. Pode haver discursos alternativos, mas não há realidades alternativas. Nunca esqueçamos esta diferença. Nem esqueçamos o concelho inteiro. 

Bruno Aragão, Presidente da Comissão Política Concelhia do Partido Socialista.