15 May 2025
Bruno Aragão
Um ano depois teremos novamente eleições legislativas. Algumas notas sobre o que sinto e sobre a leitura que faço, necessariamente condiciona ao meu contexto político. Devemos procurar ser justos na análise, mas não tentar parecer equidistantes. Quando militamos num partido, a equidistância é sempre difícil.
1. Não devemos esquecer nunca o que nos trouxe a eleições. Independentemente da leitura que cada um faça sobre quem teve mais ou menos responsabilidade ou, pelo menos, quem poderia ter evitado este desfecho, há uma coisa certa: uma circunstância pessoal do atual primeiro-ministro tornou-se um problema nacional. Quando uma questão individual se torna numa questão institucional, deveria merecer aos protagonistas uma reflexão séria, pelo menos para quem acredita que o coletivo tem um valor maior. Não foi isso que aconteceu e devemos lamentar.
2. Devemos avaliar o que se passou há um ano. Cada um de nós confiou o seu voto, sempre legítimo, a um partido. Que compromissos assumiu esse partido? Com que discurso se apresentou? Aqui, a grande diferença em relação há um ano é que, como muitas vezes se diz, já não há virgens. Os líderes são repetentes e o benefício da dúvida já não se coloca. Nem quem disse que resolvia tudo em meia dúzia de meses o pode voltar a afirmar, como fez o líder da AD, nem pode o líder do Chega trazer o espanador na mão para limpar Portugal. A começar pelo seu próprio partido, como vimos nestes meses, o algodão também não engana.
3. Acredito sempre que é a nossa consciência que nos obriga à humildade de reconhecer e assumir onde falhamos. Mas também é ela que nos faz reconhecer as conquistas e saber do que somos capazes. Acima de tudo, seja qual for a sua avaliação, 50 anos depois das primeiras eleições livres, não deixe de votar no que acredita. Mesmo quando a nossa escolha possa não ser a de outros, é assim que fazemos a democracia e construímos um país. Com respeito e pluralidade.
* Presidente da Comissão Política Concelhia do PS