Câmara deixou pais 'pendurados'

Conforme noticiado em primeira mão pelo Correio de Azeméis, a União de Freguesias de Nogueira do Cravo e Pindelo assinou no início deste ano, um contrato de cedência do Jardim de Infância de Nogueira do Cravo com a Santa Casa da Misericórdia de São João da Madeira. 

Para esta segunda-feira à tarde, estava prevista uma visita às instalações ao JI do Largo da Feira que contaria com a presença dos pais do JI de Nogueira do Cravo, do presidente da Câmara Municipal de Oliveira de Azeméis, Joaquim Jorge, do vice-presidente da câmara municipal, Rui Luzes Cabral e do presidente da União de Freguesias de Nogueira do Cravo e Pindelo, Gaspar Almeida. Essa visita foi cancelada por parte do executivo municipal, cerca de uma hora antes da hora combinada, alegando que, "devido à presença por parte de membros da oposição do executivo de Nogueira do Cravo, decidiram anular a visita", afirmou um dos pais ao Correio de Azeméis. 

Executivo com respostas diferentes
Sandra Pereira, uma das representantes presentes e mãe de uma criança do JI de Nogueira do Cravo, em declarações ao Correio de Azeméis explicou que “nós tivemos uma reunião na câmara no dia 06 de maio, onde ficou combinado virmos aqui ver o espaço, as condições, se efetivamente tinham as condições ou não para os nossos educandos”. Nessa mesma reunião, Sandra ficou confusa sobre qual o resultado relativamente ao fecho do JI de Nogueira do Cravo, isto porque “a uma dada altura, o presidente da câmara disse que de facto nós vínhamos cá e depois íamos analisar. Depois a uma dada altura o vereador Rui Luzes Cabral disse que era a câmara que definia a rede e que o JI encerraria”. Esta mãe disse ao Correio de Azeméis, que iam continuar a luta “porque o JI de Nogueira do Cravo é o único jardim de Nogueira do Cravo construído para esse fim.”

“É um jardim de infância de referência”
Teresa Xará, antiga educadora de infância do JI de Nogueira do Cravo durante quase 20 anos, referiu ao nosso jornal que “não acredito no encerramento, que haja essa ousadia. Há interesses certamente”, acrescentando que “isto significa que as crianças vão deixar de ter instalações que foram edificadas para serem jardim de infância. É um jardim de infância de referência, com cantina própria.”

Pais do JI do Largo da Feira também são contra fecho
Também Hugo Silva, presidente da Associação de Pais do JI do Largo da Feira, jardim de infância que irá receber as cerca de 50 crianças, referiu ao Correio de Azeméis que “independentemente das obras que estão a ser feitas, a nosso ver, não há condições para tantas crianças”, prosseguindo:  “a comida já chega aqui por volta das 11h30 da manhã, as nossas crianças já almoçam às 12h. A vir outra turma terão de almoçar às 13h. Quem é que vai almoçar primeiro? O segundo grupo vai comer a comida fria ou aquecida”.
O presidente da associação dos pais destacou ainda que, após as 15h30, horário de saída da professora, fica apenas uma auxiliar a tomar conta de 18 crianças, sendo que nesta situação iria provavelmente passar para cerca do dobro. “Das 15h30 até às 18h30, neste momento, temos uma auxiliar. Se acontece um acidente e uma criança tem de ir para o hospital? Como vai ser?” questionou Hugo Silva em declarações ao Correio de Azeméis.

“Deviam demitir-se”
Já António Rebelo, nogueirense que ajudou a angariar fundos para a construção do JI de Nogueira do Cravo, exigiu a demissão do executivo da União de Freguesias de Nogueira do Cravo e Pindelo. “Não temos uma junta que esteja altura das circunstâncias. Deviam demitir-se. Começaram o processo mal, pelo fim”, referiu o nogueirense ao Correio de Azeméis.