“Vou ter de começar tudo do zero”

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Pode ajudar a Joana através da sua campanha do GoFoundMe através do link: https://www.gofundme.com/f/ajude-a-joana-bombeira-queimada-em-incendio-florestal, ou, então fazendo transferência através do IBAN: PT50 0036 0360 9910 6008 9701 9

>Joana Oliveira, bombeira, ficou com13% do corpo queimado nos incêndios de setembro

Joana Oliveira, de apenas 22 anos, é a bombeira da corporação dos Bombeiros Voluntários de Oliveira de Azeméis, que foi apanhada pelo fatídico incêndio que assolou Oliveira de Azeméis em setembro. Dos cinco bombeiros afetados, foi a que ficou em estado mais grave, com 13% do corpo queimado.

Natural de Arrifana, mas a residir na freguesia de Madail, Joana contou a sua história ao Correio de Azeméis. Depois de sete semanas internada no Hospital de S. João do Porto, e de passar por quatro cirurgias, Joana pede ajuda a toda a população com donativos, visto que, neste momento não consegue trabalhar.

O dia 16 de setembro
Joana Oliveira decidiu alistar-se aos quadros de bombeiros da corporação de Oliveira de Azeméis. Foram dois anos de formações, incluindo o estágio. Dias antes do grande incêndio, a 04 de setembro, tinha passado oficialmente a ‘bombeira pronta’, quer isto dizer que tinha passado com distinção a todas as provas e entrava para a corporação como bombeira voluntária pronta a prestar serviço em qualquer ocasião de socorro. 
Apesar dos poucos dias de experiência no terreno, Joana afirmou que se sentia preparada, porque “quando vamos para uma situação destas, nós sabemos se nos sentimos preparados, ou, não. Sabemos os riscos que corremos e eu sabia que estava preparada”, no entanto, ninguém se podia preparar para algo que mesmo “bombeiros com vários anos de experiência disseram que qualquer pessoa não tinha como escapar, por mais anos de experiência tivesse. Foi um fenómeno que ninguém sabe explicar ao certo o que aconteceu”, referiu ao Correio de Azeméis.   
Com tudo a acontecer muito rápido, esta jovem bombeira recordou que estavam naquele local à espera do incêndio, com o objetivo de proteger as casas nas imediações.  Nisto, “quando chegamos demos conta de uma projeção a cair num local onde ainda estava por arder”, foi aí que a equipa começa a preparar todo o material e ela assume o ataque a essa “pequena projeção", tão pequena que "algumas lareiras de casa têm mais chamas, olhando para aquilo não tinha nada para correr mal”, descreveu.  
Em seu auxílio, o seu namorado, também ele bombeiro, apareceu e o calor começou a tornar-se cada vez mais intenso. “Ele dizia que sentia calor do lado esquerdo, o que era estranho se o incêndio vinha do lado direito, e foi aí que tudo mudou. Ficou tudo preto, muito calor e os restantes colegas gritaram para saltarmos”, momento em que a Joana partiu a tíbia e teve de ser transportada pelos restantes elementos. 

Queimaduras de terceiro grau, a difícil recuperação   e sem poder trabalhar
Para se perceber a dimensão e a fúria de um incêndio destas proporções note-se que “as nossas fardas estão intactas, foi a intensidade do calor que nos fez várias queimaduras de segundo e terceiro grau profundas”, revelou Joana Oliveira.
Num estado clínico delicado, seguiram-se sete semanas de internamento, onde seis delas foi na unidade de queimados. Estando já em casa, Joana tem uma recuperação muito “longa e difícil.” Sem poder trabalhar relata que o desespero “é muito. Eu não gosto de estar muito tempo em casa, preciso de estar sempre a fazer alguma coisa, ser forçada a não trabalhar é muito complicado”, desabafou a jovem que tinha iniciado o seu negócio há um ano como esteticista.

A ajuda da associação dos bombeiros e o apelo à população 
Com a vida totalmente virada do avesso, sem poder trabalhar, a questão surge naturalmente como é que é tem sido possível sobreviver. Para isso “a Associação dos Bombeiros Voluntários de Oliveira de Azeméis tem nos ajudado mensalmente, mas como é óbvio não têm essa obrigação, nem conseguem suportar isso este tempo todo. Sabemos como é difícil manter um quartel. Eles já estão a fazer muito, e sempre disseram que o fariam enquanto o seguro não assumisse”, relatou. No entanto, esta não tem sido a única ajuda, naturalmente que os seus familiares, “têm ajudado, principalmente, a minha sogra tem suportado um pouco de tudo”, disse.
Assim, pede a ajuda de todos para poder prosseguir com a sua vida. Com o seu negócio parado, obrigada a começar tudo do zero, esta criou uma campanha de angariação de fundos para no futuro ser possível reerguer o seu sonho. “Eu não sei como vai ser o meu futuro sem estar a trabalhar. Vou precisar de iniciar tudo do zero e este fundo serve para ter uma garantia que consigo rerguer o negócio", contou ao Correio de Azeméis.

Voltar a ser bombeira                             
“Se quero voltar a ser bombeira? Sim quero. Agora se me perguntam se volto para os incêndios? Muito dificilmente. Ficamos todos com um trauma”, admitiu, garantindo que até agora não teve apoio psicológico, mas que da parte dos bombeiros “estão a tratar disso, para que seja possível”, concluiu ao Correio de Azeméis.
 

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